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Atendendo a pedido de 72 empresários, Bolsonaro tenta legalizar o “fura fila” da vacinação
26/01/2021

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Atendendo a pedido de 72 empresários, Bolsonaro tenta legalizar o “fura fila” da vacinação

Na última semana, com o início aos tropeços da Campanha de Vacinação da Covid-19, o governo Bolsonaro parece estar tomando a população brasileira como alienada e ignorante. Após meses ignorando a pandemia, contribuindo com seu o crescimento e menosprezando o surgimento das vacinas, eis que o presidente e membros do seu governo passaram a negar que faziam a infeliz propaganda do uso de medicamentos ineficazes e aparecem com medidas envolvendo a política de vacinação.

Porém, essa nova postura não vai no sentido de contribuir para a imunização dos brasileiros. Nesta segunda (25), o governo federal enviou uma carta a AstraZeneca, fabricante de vacinas, na qual dá aval para que empresas privadas brasileiras possam adquirir um lote de 33 milhões de doses de vacina, desde que doem metade delas ao SUS. A primeira vista, o movimento pode parecer ser no sentido de garantir doses para o sistema público, mas o projeto tem outro objetivo: isentar a responsabilidade do governo federal de fornecer a vacina para todas e todos. Basicamente, a carta enviada pelo governo brasileiro dá permissão para que os 72 empresários, que exigiram o documento do governo federal, furem a fila e possam aplicar as doses antes mesmo de completarmos a imunização do primeiro grupo da campanha. Com a medida, Bolsonaro mostra mais uma vez suas prioridades.

Ele afirma para seus seguidores que o objetivo da medida é para a economia não parar. A fala escancara a ignorância sobre a economia do próprio Brasil que ele governa. Para Bolsonaro, o funcionamento de nossa economia depende das empresas comandadas por 72 empresários.

Nesta terça-feira (26), a AstraZeneca respondeu ao governo federal que não tem disponibilidade para a venda de doses para a iniciativa privada. A dose para as empresas privadas são mais caras do que as fornecidas para os governos, mas fabricantes como a AstraZeneca dizem não ter capacidade para fabricação de mais lotes, uma vez que já possuem convênios firmados com os governos e com a OMS. Estamos tratando de vacinas de interesse mundial e só o poder público tem capacidade, quando quer, de garantir a imunização de toda a população. Os laboratórios correm para aumentar a produtividade da vacina, mas esse esforço ainda é insuficiente para garantir volume de produção suficiente para abastecer todo o mundo.

O SindSaúde/SC já se manifestou a respeito do assunto e mantemos nossa posição a respeito do fornecimento das vacinas no sistema privado. Somos a favor de uma campanha de vacinação estruturada a partir de prioridades, acessível a toda a população, centralizada logisticamente pelo poder público e que seja feita por meio da principal ferramenta em saúde brasileira: o SUS. Acima de tudo, defendemos a vacina para todas e todos!

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