Bolsonaro veta repasse de R$ 8,6 bilhões para combate a coronavírus e oculta dados de contaminação e mortes
O presidente Jair Bolsonaro vetou no dia 03 de junho o repasse de R$ 8,6 bilhões para estados, Distrito Federal e municípios comprarem equipamentos e materiais de combate à covid-19. O projeto original aprovado pelo Congresso Nacional previa a extinção do Fundo de Reserva Monetária, mantido Banco Central, e a destinação dos recursos para o enfrentamento da pandemia. Mas Bolsonaro vetou todos os dispositivos que vinculavam o uso do dinheiro à batalha contra o coronavírus.
Pelo texto aprovado pelos parlamentares e vetado pelo Poder Executivo, o rateio deveria considerar, ainda que não exclusivamente, o número de casos observados de covid-19 em cada ente da Federação. Bolsonaro barrou também o ponto segundo o qual estados, Distrito Federal e municípios só poderiam receber os recursos para aquisição de materiais se observassem protocolos de atendimento e demais regras estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o enfrentamento da pandemia. Outro dispositivo vetado previa que os valores de todas as contratações ou aquisições realizadas com o dinheiro do Fundo de Reserva Monetária deveriam ser publicados na internet.
Num momento em que o país já contabiliza mais de 35 mil mortos devido à Covid-19, o presidente vê a destinação do Fundo como uma despesa, não dando a mínima importância às vidas que já foram ceifadas pelo novo coronavírus. Muitas dessas vidas são de profissionais de saúde que morreram devido à pouca estrutura para combate à pandemia. Só em Santa Catarina, já há registro de mais de 1000 profissionais de enfermagem contaminados, segundo dados do COFEN – Conselho Federal de Enfermagem.
E se não bastasse isso, este final de semana o Ministério da Saúde passou a ocultar os dados de contaminação e mortes nos portais eletrônicos, que deveriam ser destinados a essas informações. É mais uma prova do descaso do Presidente e de seu governo com a vida de milhares de pessoas. Neste momento em que o Brasil é o epicentro mundial da doença, deveríamos estar garantindo máxima transparência dos dados e das medidas a serem adotadas para controlar a pandemia, e no entanto, as políticas adotadas pelos governos parecem caminhar em sentido contrário.
Nós que trabalhamos na saúde e em áreas essenciais a vida das pessoas, seguimos cumprindo nosso papel de salvar vidas. Seria mais fácil se não houvesse boicote constante dos governos!
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado