Dia da Consciência Negra: luta e representatividade
O Brasil está longe de ser considerado um país onde há igualdade de direitos e oportunidades. O povo negro, que comemora nesta sexta (20) o seu direito conquistado de celebrar o Dia da Consciência Negra, é a população mais desprivilegiada, esteriotipada e desassistida no Brasil. A data faz referência ao aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um dos guerreiros que ajudou a preservar a vida de escravos brasileiros. O marco é importante para resgatar a história de luta contra a escravidão, período significante para a formação cultural do Brasil.
O dia-a-dia demonstra as atrocidades e as violências do racismo cotidiano, permeado pela falta de acessos e condições da população negra, com frequência periférica. Mas o racismo vai além e faz vítimas fatais a cada 4 horas. Na tarde desta quinta-feira (19), por exemplo, véspera do Dia da Consciência Negra, um homem negro foi espancado até a morte na rede de super mercados Carrefour. A mesma já tinha 3 episódios similares envolvendo abusos e violências a homens negros, e o fato de ter acontecido de novo mostra a invulnerabilidade das grandes empresas diante da violência do racismo.
No campo profissional, dados do IBGE de 2019 apontaram que as mulheres negras recebem salários menores do que os homens negros, que por sua vez tem salários mais baixos do que homens e mulheres brancas. Mais da metade da população brasileira se declara como preta ou parda, mas há ainda a falta de representatividade negra em diversos espaços.
Categorias como a enfermagem são representadas por 53% de profissionais que se autodeclaram pretos e pardos. O dia da Consciência Negra é uma oportunidade de entender e somar à luta do povo negro, mas é também, para pessoas brancas, um momento para se pensar no privilégio histórico que a cor da pele carrega.