Enquanto o mundo espera pela cura da Covid-19
No início dessa semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criar uma polêmica ao dizer que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. A declaração do presidente foi uma resposta a uma apoiadora que conversou com ele na frente do Palácio da Alvorada. Vale ressaltar que a legislação manda que o interesse coletivo deve se sobrepor aos individuais em casos excepcionais, como é o caso da pandemia que vivemos no país. Uma lei publicada esse ano determina que umas das medidas para enfrentamento da pandemia de Covid-19 seja a aplicação compulsória de uma imunização contra a doença.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), responsável pela vacinação em geral no Brasil, é referência internacional de política pública de saúde. A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conseguindo por meio da vacinação oferecida pelo SUS, erradicar doenças de alcance mundial como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil).
Apesar disso, no Brasil o movimento anti vacina tem ganhado força e agora parece encontrar respaldo até mesmo na fala do presidente. Isso acabou gerando o retorno de doenças como o sarampo, que estava erradicada no país até 2016. Em 2019 foram registrados cerca de 18 mil casos e, até o dia 1º de agosto deste ano, foram aproximadamente sete mil registros e cinco mortes de crianças.
A Sociedade Brasileira de Imunizações se manifestou publicamente sobre a fala do presidente ressaltando que a vacinação está entre os instrumentos de maior impacto positivo em saúde pública, em todo o mundo. “Ao longo da história as políticas de vacina contribuíram de forma inquestionável para reduzir a mortalidade e aumentar a qualidade e a expectativa de vida da população mundial”, ressaltou a entidade.
Outras entidades e especialistas também reagiram à declaração do presidente, visto que no momento a comunidade científica tem se mobilizado para a descoberta de vacinas eficazes para frear o avanço da pandemia do novo coronavírus. Dados publicados essa semana mostram que mais de quatro milhões de brasileiros e brasileiras contraíram a Covid-19 e quase 124 mil brasileiros e brasileiras foram a óbito. O Brasil é recordista mundial no número de mortes entre profissionais de enfermagem por Covid-19. Segundo Cofen, em média, dois profissionais morrem a cada dia desde março pela doença.
O SindSaúde/SC se posiciona em defesa do Sistema Único de Saúde - SUS e entende que a política de vacinação faz parte do fortalecimento desse sistema e é o que garante melhores condições de vida para o conjunto da população. A saúde é bem coletivo!
FOTO: ALLAN STEPHEN/AFP/JC