Novo Ministro da Saúde demonstra, mais uma vez, o descompromisso do governo federal com o fim da pandemia
O presidente Jair Bolsonaro anunciou mais um ministro da Saúde em meio da pandemia. A escolha, novamente, parece deixar de lado os critérios técnicos para escolha neste momento, mas por proximidade com a família do presidente. Marcelo Queiroga é apadrinhado pelo filho mais velho de Bolsonaro e, logo em sua primeira entrevista, feita para a rede CNN, afirmou que considera que o lockdown só deve ser aplicado em “situações extremas” e “não pode ser política de governo”.
Novamente temos à frente do ministério mais relevante do governo federal alguém que nega a situação da pandemia no Brasil. Para o novo ministro, as quase duas mil mortes diárias não configuram uma situação extrema. A limitação do ministro é tanta que Queiroga nem chegou a esquentar assento no ministério e é mais um que ilusiona ver a pandemia ter um fim sem a interferência de um Estado comprometido.
Marcelo Queiroga entra no ministério após um convite polêmico feito à cardiologista dra. Ludhmila Hajjar, que recusou após perceber “falta de convergência de ideias” com o governo federal. A médica também disse ter sofrido ameaças de apoiadores do presidente para que não aceitasse. Os pontos divergentes entre a médica e o governo federal são justamente os que negam a ciência e o bom senso. Hajjar se pôs contra o tratamento precoce e a favor do isolamento social no combate à pandemia. Com Marcelo Queiroga, o ministério fica mais uma vez aos mandos exclusivos de Bolsonaro, que prefere negar a ciência para agradar seus apoiadores unicamente.
Pazuello, seu antecessor, tinha uma postura parecida. Entrou como titular enquanto a pandemia somava 15 mil mortos, e deixou o cargo 10 meses depois com quase 300 mil vidas perdidas. A insistência em tratamentos não comprovados cientificamente e a falta de logística na compra de vacina é o legado deixado pelo antigo ministro.