Primeira fase da vacinação começa com impasses
Após cerca de 10 meses de pandemia e de uma realidade bastante dura por parte dos profissionais de saúde e dos serviços essenciais, chegamos neste último domingo(17) ao início da vacinação em solo brasileiro. A falta de planejamento e centralização por parte do Ministério da Saúde e das Secretarias da maioria dos Estados, além das disputas políticas em torno do início da vacinação nos fez chegar a esta semana com uma série de desencontro de datas e critérios de aplicação.
Exemplo disso é que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 teve início nesta segunda-feira (18) mas de fato começou ontem. De toda forma, nos importa saber que a primeira etapa prevê a imunização de trabalhadoras e trabalhadores da saúde em todo o Brasil, além de outra seleção de grupos de risco como população indígena, idosos acima de 75 anos e idosos residentes em instituições de longa permanência.
Na distribuição das vacinas, feita de forma proporcional ao tamanho da população em cada Estado, Santa Catarina receberá mais de 144 mil doses. É importante estar atento ao fato de que o número de doses não corresponde ao número total de pessoas imunizadas nesta primeira etapa de vacinação, já que cada pessoa imunizada tomará duas doses. Isso parece significar que nem todos os profissionais de saúde estarão imunizados neste primeiro momento. Alguns municípios, como Florianópolis por exemplo, já se pronunciaram de que somente os profissionais de UTIs serão contemplados nessa primeira remessa.
A "correria", bastante improvisada, demonstra que a logística do Plano Nacional de Vacinação pode ainda atrapalhar muito a imunização das brasileiras e dos brasileiros. A falta de centralização do Ministério da Saúde e das Secretarias de Estado criam uma situação de ansiedade e incerteza entre os profissionais de saúde, já que não temos um anúncio coletivo da SES até esse momento sobre o processo de vacinação dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Em alguns locais de trabalho, são os próprios hospitais que estão anunciando data e setores prioritários para vacinação, sem deixar evidente se toda a unidade será vacinada na sequência e quais as datas.
Como trabalhadoras e trabalhadores da saúde, recebemos a vacinação primeiro não somente porque temos arriscado nossas vidas desde o início da pandemia para cumprir nossa função. Uma boa parcela de nós também será responsável por fazer o Plano Nacional de Vacinação acontecer na prática, já que somos nós que formamos as equipes que vão aplicar as vacinas. Além da operacionalização dos postos de vacinação, temos de tomar a linha de frente para cobrar dos governos que a vacina chegue a todos e todas, e que tenhamos enfim segurança nos nossos locais de trabalho.