Trabalhadoras e trabalhadores juntos na luta por valorização e respeito
Depoimento e contribuição da técnica em enfermagem no hospital Regional Hans Dieter Schmidt de Joinville, Franciele Ribeiro, à nossa luta por respeito e igualdade:
“Pessoal, este texto é minha contribuição a nossa luta por respeito e igualdade:
Mais uma vez fomos deixados de lado pelo governo estadual e justamente em meio a essa pandemia onde inicialmente fomos enaltecidos e reconhecidos pela população em geral como serviço essencial no combate ao novo coronavírus e um dos grupos mais expostos ao contágio, como de fato somos, sem opção de quarentena.
Os guerreiros da linha de frente, sem armadura adequada pela falta dos Epis necessários e condizentes com a situação.
Sufocamos nossas necessidades pessoais e medos seguindo todos firmes honrando o juramento que fizemos prometendo diante de Deus, dos nossos professores, amigos e parentes a dedicar nossa vida profissional a serviço da humanidade exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade.
Nesta semana como se já não bastasse o corte das nossas férias, o corte do nosso café da tarde e até o feijão do pessoal do noturno, o governo do Estado anuncia a liberação de uma gratificação financeira provisória a todos os médicos e para os demais profissionais de saúde, somente aos lotados em UTIs, pronto socorros e no COES, deixando a maior parte dos nossos colegas de fora.
Como se todos os profissionais independente de setor não estivessem expostos e correndo alto risco de contaminação. Setores, por exemplo, como centro cirúrgico, que ficou de fora da bonificação, onde recebemos pacientes graves, debilitados, com grande potencial de estarem contaminados e pacientes com covid positivado que são intubados formando aerossóis no ar se tornando fonte de transmissão imensamente maior do que as gotículas, ou setores como o de exames de endoscopia ou colonoscopia onde há dispensação dos mesmos aerossóis no ar pelos aparelhos.
Um outro fato que prova o risco iminente em todos os setores hospitalares, por exemplo, é do setor de esterilização de materiais do Hospital Regional Hans Dieter Schmitd em Joinville, setor este que não recebe paciente algum, mas onde sete funcionários mesmo sem ter contato direto com pacientes foram infectados e alguns infectaram seus parentes passando por angústias inimagináveis.
No hospital Regional em Joinville vários colegas foram infectados de diversos setores.
Perdemos colegas fora da idade crítica, sem comorbidades, estamos com uma colega jovem aqui em Joinville na UTI em estado grave que não sabe ainda que perdeu o pai por coronavírus.
Estamos sofrendo situações excepcionais, onde colegas fora do perfil de maior risco de morte estão perdendo suas vidas e isso porque todos estamos expostos a grandes cargas virais por estarmos dentro de um hospital diariamente.
Mas a nossa situação certamente não importa a um governo que foi capaz de se utilizar desta terrível condição para superfaturar respiradores.
Diante disso tudo me faltam palavras para expressar o tamanho da minha indignação por tamanha afronta contra o servidores estaduais da saúde.
Como se somente os médicos tivessem correndo risco de vida, tivessem valor, e fossem dignos de gratificações. Porque todos serão gratificados independente de setor ou área de atuação.
Deixo aqui meu desabafo e protesto contra esse desaforo a todos os profissionais de saúde do Estado de Santa Catarina que foram excluídos de mais essa ação descabida e extremamente desonrosa do governo.”
Franciele Ribeiro
Técnica em enfermagem no hospital Regional Hans Dieter Schmidt de Joinville
Santa Catarina.
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