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Trabalhadores/as, direção do Celso Ramos e SES reúnem-se em busca de soluções para crise na emergência
23/01/2017

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Trabalhadores/as, direção do Celso Ramos e SES reúnem-se em busca de soluções para crise na emergência

Uma inédita – pelo menos na história recente do Hospital Governador Celso Ramos (HGCR) – reunião envolvendo a Secretaria do Estado da Saúde (SES), direção e trabalhadoras/es do hospital aconteceu na manhã desta segunda-feira (23/1) para tentar acordar ações que contingenciem a crise no atendimento da emergência, supersaturado com mais de 600 atendimentos por dia desde a semana passada e, por vezes, com equipes que chegam a ter somente cinco profissionais. As paralisações permanecerão suspensas no hospital até amanhã (24/1), quando uma nova reunião acontecerá na SES, às 14h, para a apresentação da proposta oficial, após o diálogo com trabalhadores/as e Sindicato. Após a reunião, trabalhadoras/es decidirão sobre o futuro do movimento.

Pelos menos 40 servidoras/es participaram da reunião, além da direção do SindSaúde/SC e representantes da SES, que se manifestou através Superintendente dos Hospitais Públicos Estaduais Lúcia Regina Gomes Schultz e do Diretor de Gestão de Pessoas Luiz Anselmo da Cruz. De acordo com os gestores, a única solução efetiva para o problema é a realização de um amplo concurso público na área da saúde em todas as especialidades e com duração de 4 anos. “Desde que expirou o último concurso [maio de 2016], fizemos sucessivos pedidos de contratação, mas não obtivemos sucesso. Conseguimos suprir algumas faltas com processos seletivos simplificados e já fizemos estudos e solicitamos abertura de um novo concurso desde julho de 2016”, explicou Luiz Anselmo. Ainda segundo o gestor de recursos humanos, também foi proposta um a edição de um decreto que permitisse à SES a reposição automática de pessoal na saúde.

Apesar de reconhecer que concurso público é a única forma de resolver um “problema estrutural que enfrentamos há mais de 20 anos”, gestores da SES afirmam ser impossível abertura de processo seletivo no curto prazo – se propuseram, entretanto, a apresentar em reunião na tarde desta terça-feira uma proposta de gestão para contingenciar a sobrecarga de atendimentos na emergência do hospital.

A SES foi avisada

Muito antes de a emergência paralisar atividades para exigir providências, na quinta-feira (19/1), a direção do hospital e a SES já haviam sido informadas do problema. O enfermeiro Eder Foresti, gerente de enfermagem do HGCR, fez questão de destacar que, não fosse o comprometimento das trabalhadoras/es do hospital com o serviço público, a situação teria explodido há muito tempo. Ele garante que vem alertando há anos a Secretaria sobre a preocupante falta de reposição dos/as servidores/as exonerados ou aposentados; e lembrou da “luta” para fechar 60 leitos do hospital e assim, garantir um mínimo de condições de trabalho para o tamanho da equipe de profissionais em atividade. Foresti apresentou uma comunicação interna que demonstra falta de servidores/as, mesmo com os 60 leitos fora de funcionamento, em praticamente todas as unidades do hospital.

Condições psicológicas insuportáveis

Outras/os trabalhadoras/es se manifestaram sobre o impacto da sobrecarga de trabalho atual no seu dia-a-dia. Uma trabalhadora contou sobre “situações humilhantes” que vivencia no trabalho da emergência: “Na reanimação a superlotação é vexatória. As pessoas estão morrendo, internamos idosos em cadeiras de plástico. Poderiam ser nossos pais...”

A situação se repete na farmácia, segundo uma servidora, onde só há profissionais para atender metade da demanda. A servidora que atua na sala de gesso, dentro do setor de traumatologia, uma referência do HGCR, acrescentou que o trabalho é sobre-humano. O número ideal de técnicos para o atendimento correto é de 12 profissionais, mas apenas 6 vinham trabalhando. No momento, são apenas 5, que mesmo no limite das horas plantão permitidas não conseguem dar conta do serviço – 300 a 400 atendimentos diários. “Vou pedir ajuda e me dizem que sou somente uma matrícula. Como eu faço? O paciente entrou no hospital passa a ser nossa responsabilidade. Está desumano trabalhar. A gente vem trabalhar chorando, sem saber se vamos ser agredidas, receber xingamentos ou que tipo de condições vamos ter”, relata.

Reunião interna para tentar amenizar a situação

Após a saída dos gestores, funcionárias/os do HGCR permaneceram reunidas/os com a gerência de enfermagem para buscar medidas internas que possam mover profissionais para ajudar no trabalho da emergência. Ainda sim, a expectativa é por uma iniciativa da SES que permita melhorias permanentes nas condições de trabalho.

 

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